[Polêmica] Do Começo ao Fim

Abaixo, o resumo do filme, portanto, contem SPOILER

Citação :

“Do Começo ao Fim” (ou “From Beginning to End” para o mercado internacional), promete ser o filme mais polêmico do ano. O longa-metragem brasileiro retrata de forma ‘escancarada’ o amor incondicional entre dois irmãos, que acaba levando ao incesto.

Sim, homossexualidade e incesto em um só filme. Em dois dias o trailer da produção no YouTube já tinha gerado mais de duzentas mil visitações e teve várias de suas cópias deletadas por “violação dos termos de uso”, em virtude de suas cenas fortes. Mas basta uma versão sair do ar pra outra entrar. Se você for maior de idade, assista abaixo a promo e confira o que deve agitar os cinemas nos próximos meses.

“Do Começo ao Fim” é dirigido por Aluizio Abranches, o cineasta responsável por “Um Copo de Cólera” (1999) e “As três Marias” (2002). No elenco nomes consagrados como Júlia Lemmertz e Fábio Assunção, que vivem os pais dos dois garotos que se apaixonam. O cast conta ainda com Jean Pierre Noher (de “A Favorita”) e Louise Cardoso (de “Páginas da Vida”).

Gênero: Drama
Duração:
Origem: Brasil
Estréia 28 de Agosto de 2009
Direção: Aluizio Abranches
Roteiro: Aluizio Abranches
Produção:
Censura: 18 anos
Ano: 2009

Fonte: cultureba



Basicamente, o tópico é dedicado a discussão sobre a temática do filme que provavelmente, em seu momento devido, será polêmica. Como o filme ainda não foi lançado, esse não é um tópico FIXO para comentários sobre o mesmo, e, sim, um tópico aberto para debates. Você poderá expressar a sua opinião sobre o assunto aqui, respeitando às regras.

ATENÇÃO:

É terminantemente proibido xingamentos e ofensas contra este tema; não é a favor de homossexualismo e muito menos de incesto? Pois argumente! Use palavras, não baixarias;
Preconceito em relação ao tema é totalmente normal, porém expressá-lo de maneira indevida é desnecessário;
Respeito e educação em primeiro lugar. Respeite a opinião de outros membros;
Estamos em um debate e você pode debater a opinião de outro. Isso não é uma BRIGA.

Acho válido. Não apenas por respeitar e até simpatizar muito com o homossexualismo, mas porque é algo que acontece mais vezes do que pensamos. Também não é 100% incesto. O incesto nunca foi algo que me agradou muito, mas eu acho que esse filme vai tratar disso de uma forma diferente do que os outros filme já abordaram.
Esse filme é uma evolução para o Brasil. Mesmo com toda a polêmica que vai gerar, o fato desse filme ter sido produzido é uma evolução enorme para o Brasil.
O foda ruim vai ser aguentar as piadinhas sem graça dos homofóbicos idiotas

Bom, eu escrevi um texto enorme, uma vez, em outro fórum. Então, eu vou me quotar simplesmente, porque repetir as mesmas coisas que eu JÁ disse não faria muito sentido:

Bom, eu sou doente e a minha opinião não conta. Então, tchau.
Okay, brincadeira. Eu quero opinar sobre isso, mas eu NÃO sei como fazê-lo. Ou por onde começar. Eu não sei, mesmo. Eu gostaria de ser objetiva, prática, whatever, mas eu tenho a sensação de que eu PRECISO contar uma longa história até chegar ao ponto da questão.

Eu sou fã de Pedro Almodóvar, eu sou fã de Louis Garrel, eu sou fã de muita coisa que não é exatamente o que chamam de "convencional". Eu posso dizer que aprendi a ver beleza em tudo. Ou em 80% das coisas existentes. E, por algum estranho motivo, o amor não-convencional me envolve mais. E é sobre exatamente isso que “Do Começo ao Fim” fala.

Eu comecei a ler FanFics mais cedo, aos 13, 14, tanto faz. E eu comecei a ler FanFics homossexuais. E, não tardei muito, eu também li sobre incesto e homossexualismo ao mesmo tempo (Sirius Black que o diga!). E, tudo isso, toda essa questão, tudo sobre incestos e homossexuais, sempre foi observado SOMENTE com olhos cheios de preconceito. Ou um pré-conceito?

Eu fui criada em um lar evangélico e os meus pais são completamente homo-fóbicos. Então, acho que é por isso que eu faço questão de pôr certas cartas na mesa: eu sou uma homo-lover, e eu GOSTO de defender o direito ao AMOR. Bom, a minha mãe simplesmente me encara e diz que isso não é amor é um espírito maligno; coisa que o demônio faz com as pessoas.

Eu me questiono a todo o momento.

Mas, a cada dia que passa, eu penso sobre como homossexuais são gente. Gente, isso mesmo: PESSOAS. Pessoas que amam pessoas e que tem um ótimo coração (em sua maioria; ou melhor, são como qualquer heterossexual: alguns bons, outros maus). E, por isso, eu acabo me apegando mais a assistir/ler/torcer para esse tipo de relacionamento: eles passam por muita coisa a fim de vencer a toda essa generalização (oi, palavra chata) que fazem aos gays; NEM todo gay é promíscuo e alguns deles sofrem o diabo para serem livres e viverem um AMOR de verdade, porque a sociedade simplesmente não entende isso.

Tanto é que eu sou CONTRA a Parada Gay, mas isso não vem ao caso agora. Vamos pular para outra questão.

O incesto? Bom, esta é outra temática muito delicada, muito perigosa de ser abordada. E, que eu já tenha visto por aí, pouco abordada até então e sendo mal-recebida pela maior parte do público.

Foi assim com Bernardo Bertolucci. Os franceses se viram irados ao ver exibido na tela DELES o relacionamento incestuoso e explícito dos irmãos siameses Theo (Louis Garrel) e Isabelle (Eva Green) no filme The Dreamers ("Os Sonhadores" no Brasil) e, além disso, não souberam enxergar por trás de todo o (muito) erotismo contido no filme (Bertolucci tem um histórico de filmes eróticos, de qualquer forma, mas não creio que isso tenha sido mal visto quando Marlon Brando era o seu protagonista em um relacionamento não-incestuoso e heterossexual). Poucas pessoas pararam (e parariam ainda agora) para ver que o filme é mais do que um artista transgressor e obsceno a fim de polemizar: o filme (The Dreamers) é de uma película incrível que fala, sobretudo, de Paris, do cinema, da revolução estudantil e dos jogos psicológicos que os gêmeos franceses fazem a um estudante inglês, Matthew (Michael Pitt). E são estes mesmos jogos psicológicos envolvendo sexo (não pornográfico; erótico. E, sim, EXISTEM diferenças) que acabou chocando a muitos. É o fato da sociedade conservadora não aceitar, em hipótese ALGUMA, que isso possa realmente acontecer. E, querendo ou não, acontece. Por baixo dos panos, enquanto todos mantêm os olhos vendados, acontece.

Outro filme que eu posso citar (também francês e com direito, novamente, a Louis Garrel como o incestuoso) é Ma Mère (Minha Mãe). Um filho (Pierre, 17 anos) que desenvolve um amor doentio pela mãe (Hélène). E, no entanto, o filme não aponta o dedo no rosto de uma criança e/ou adolescente e diz: TENHA UM CASO COM A SUA PRÓPRIA MÃE. Não. Ele, simplesmente, mostra um fato incomum. Errado é quem se torna INFLUENCIÁVEL sob esse tipo de arte.

E, bom, o ponto aonde eu gostaria de chegar é: o incesto, geralmente, nasce de um amor fraternal que se descontrola, se torna obsessivo e, a partir do desejo incontrolável de querer-proteger-uma-pessoa-querida, acaba se tornando mais do que um simples "amor de/entre irmãos". O desejo se reflete na carne, no espírito, ou onde quer que seja.

E eu pergunto: um ser humano, no fundo, tem controle sobre o amor? Ou sobre seus próprios instintos? Ou, até mesmo, sobre si próprio? E, acima de tudo, sobre paixão? Porque a paixão pode ser doentia e eu creio que muitas pessoas apontariam o incesto, agora, como uma doença psicológica. Anorexia, bulimia, ou loucura simplesmente.

Alguns (que amam) podem, até mesmo, se conter. Outros talvez não consigam ignorar o pecado (porque a religião SEMPRE dita algumas regras para algumas pessoas) e levem a culpa com eles mesmos pela eternidade. Alguns podem querer liberar esse amor, podem se entregar sem medo, ignorando o certo, o errado, o todo resto. Alguns podem recorrer a fins trágicos. Existem N possibilidades, na verdade.

E, no fim das contas, alguém resolve o mistério do por que isso pode acontecer a alguém?

Creio eu que não. A minha mãe diria que "todas essas pessoas estão endemoniadas. Deus criou o homem e a mulher. E incestuosos são como os suicidas, não tem direito ao perdão". O meu pai não teria forças nem mesmo para argumentar, ele olharia com desprezo para qualquer um que tivesse iniciado essa discussão e diria sobre como "...surraria um fulano desses se eu o visse na rua!". Mas eu digo que... Eu ainda acredito na bondade de um ser humano e no amor em suas mais estranhas formas.

Por isso, por fim, eu digo o trailer e temática desse filme me emocionaram. Sério. A obra-prima feita por um brasileiro que, por mais que tenha a intenção de criar polêmica, tocou em assunto o qual as pessoas só desejam pôr uma venda nos olhos para NUNCA poderem enxergar ou serem perturbados pelo assunto.
E, bem, assim, com The Dreamers, Y Tu Mamá También, La Mala Educación, Milk, Brokeback Moutain, "Do Começo ao Fim" vai ser um filme o qual eu vou baixar e assistir escondida dos meus pais, sem que eles notem. E, não importando a temática, eu vou gostar OU NÃO dependendo mesmo de como a história decorre, de como os atores atuam, de como a fotografia é trabalhada e de como diretor procedeu. Vou gostar ou não, como se fosse um filme água-com-açúcar da Sessão da Tarde ou um daqueles norte-americanos bestas que são indicados ao Oscar simplesmente por serem norte-americanos.

Um dia, talvez, a sociedade TENTE olhar com outros olhos (olhos livres de um pré-conceito religioso ou qualquer tipo de preconceito) a todos esses fatos (fatos muito incomuns, mas fatos) e quem sabe possam existir filmes tão belos como esse me parece ser?

E, só para constar, eu creio que esse será mais um entre os filmes polêmicos que terá um fim triste. Geralmente, para recompensar o público indignado, esses autores que polemizam seus enredos, dão um final trágico a um dos personagens, após uma história completamente intensa.

Quem sabe, um dia, uma dessas histórias tenha um final feliz? Bom, estarei aguardando e pronta para quando este dia chegar

Minha opinião.

Mari, casa comigo?

Sério, você falou tudo que eu tentava falar, mas não consigo por em palavras. Depois desse post, não tenho mais nada para falar sobre

Quer ver um filme gay que tem um final lindo e maravilhoso? Shelter

ASGAUDSAIDGSAIDGASUDGISADGASD, Thay. Preciso adicioná-lo à minha lista.
Mas, enfim, só acrescentando a minha resposta a um comentário que eu li em outro fórum, sobre filmes assim não terem finais felizes:

Citação :

Sim. É errado, é errado, é errado. É tão errado, que ninguém poderia aceitar isso normalmente. Ninguém os aceitaria. Tão errado que uma mãe não quer isso para os filhos, mesmo que, a princípio, isso os faça felizes. E os fins trágicos/infelizes são, praticamente, a realidade. É exatamente o que acontece em 99% dos casos. E é aí que eu me pergunto: por que uma cultura ditou tudo dessa forma? Da forma "é errado e ponto". No fim, isso acaba privando "gente assim" de amar, privando-os do próprio final feliz.

É isso o que eu me pergunto. Se todos não tem o mesmos direitos de serem felizes?

Eu não vejo nada demais nesse filme, também. Afinal, dou um [2] bem grande em quase tudo que a Mari disse.

Eu não acho que amor é uma coisa limitada por sexo. Amar é um sentimento tão bonito, tão puro, que não importa quem vc ama; o importante é amar e ser amado, certo?

Exato, Kisa. E o grande problema da nossa sociedade/cultura é o seguinte: TODO mundo tem essa maldita mania de querer se meter nos assuntos dos outros. Me diz uma coisa, se um irmão seu decidir sair por aí dando o c* pra deus e o mundo, o problema não vai ser totalmente dele? O c* não é dele? E, no fim das contas, o que todas as outras pessoas têm a ver com isso? Cada um ama do jeito que quiser. Se uma amiga minha, tipo, se apaixonar pela mãe, eu vou super dizer: Fulana, é estranho e ninguém vai aceitar, você vai sofrer um bocado MESMO, então o conselho que eu te dou é tentar esquecer. Mas, tá, se ela continuar querendo isso para a vida dela, eu vou ter algum problema com isso? Contanto que não ME prejudique, falem sério. Ninguém tem o direito de dar palpite desnecessário sobre a vida de ninguém. --'

Mari B. escreveu:

Exato, Kisa. E o grande problema da nossa sociedade/cultura é o seguinte: TODO mundo tem essa maldita mania de querer se meter nos assuntos dos outros. Me diz uma coisa, se um irmão seu decidir sair por aí dando o c* pra deus e o mundo, o problema não vai ser totalmente dele? O c* não é dele? E, no fim das contas, o que todas as outras pessoas têm a ver com isso? Cada um ama do jeito que quiser. Se uma amiga minha, tipo, se apaixonar pela mãe, eu vou super dizer: Fulana, é estranho e ninguém vai aceitar, você vai sofrer um bocado MESMO, então o conselho que eu te dou é tentar esquecer. Mas, tá, se ela continuar querendo isso para a vida dela, eu vou ter algum problema com isso? Contanto que não ME prejudique, falem sério. Ninguém tem o direito de dar palpite desnecessário sobre a vida de ninguém. --'

Concordo absolutamente. E além do mais, eu tenho uma teoria de que o mundo teria bem menos problemas se cada um vivesse a sua vida, sem se preocupar com os outros ou com o que os outros fossem pensar, e, enfim, fossem bem comidos. O maior problema do mundo é a falta de sexo. Não só falando em problemas com a sexualidade dos outros, mas em geral. Se as pessoas se aceitassem e aceitassem os outros do jeito que são, da forma linda e complexa e caótica e perfeita que o ser humano é, as coisas seriam bem melhores.

E enfim, não entendo a mãe dos guris desse filme. Se eu tivesse dois filhos e eles se apaixonassem, claro, eu ia ficar preocupada com o q eles iam sofrer por causa da sociedade, jah que infelizmente o mundo não é a minha utopia, mas se fosse o que faria eles felizes, se eles fossem fortes o suficiente pra passar por cima dessas coisas, eu daria o meu maior apoio. Sou do tipo que ficaria mais irada se meus filhos não gostassem da minha comida, mesmo, q aí é caso de deserdar e expulsar de casa.

[2] em tudo que vocês disseram.

Eu me pergunto quantas pessoas deixam de amar quem querem amar para vier uma vida frustada ao lado de uma pessoa que a sociedade considera 'certa' para você. Se certa pessoa não depende de você, você não tem NADA a ver com a vida dela, ponto. Ela faz o que quiser com o corpo, mente e coração e ninguém tem o direito de opinar. Eu acho que se as pessoas fossem criadas aprendendo a respeitar todos, sem dividir ninguém, a sociedade seria bem mais feliz. Mas, não, as pessoas dividem. É negro, homossexual, branco, índio, bissexual e por aí vai. Eu acho que isso não existe. É gente e ponto, acabou. Tem todo os direitos que qualquer um tem.
Dá até para entender que o preconceito vem daquelas bixas loucas que querem ser mulheres, andam rebolam e gritam fino. Até eu odeio isso, acho patético, mas o maior problema é que as pessoas generalizam os homossexuais. Para eles, são todo promíscuos que só pensam em sexo e transmitem AIDS.
Incesto, de fato, nunca me agradou. Na maioria das vezes porque o incesto é facilmente confundido com o amor fraternal mesmo, isso sempre me irritou um pouco, mas eu já shippei(?) muito casais incestos. Muitos são lindos e puro amor. Mas a sociedade não enxerga isso. Eles colocam uma barreira. Incesto é pecado e é errado, não é amor. Eu acretido que exista sim amor incesto, mas as pessoas veem isso com tanto preconceito que acaba sendo um tabu falar sobre assuntos como esse. Prova é esse filme

Tudo, no fim das contas, é somente culpa da nossa criação: se o país ditasse que gay e incesto pode ser normal, então, seria normal, oras. Por isso as pessoas deveriam pensar mais, antes de abrirem a boca e falar mal.

Editando: Thay, eu quero um banner LINDO desse. OMG. Thomás/Fransisco for life. Lindos.